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Jovens – Lição 11 – A Igreja e a Política

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No Brasil, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para homens e mulheres brasileiros alfabetizados de dezoito a setenta anos de idade, sendo facultativos para os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito, para os maiores de setenta anos e para os analfabetos (artigo 14, § 1º da Constituição da República), sendo vedado para os estrangeiros e os que estiverem durante o período do serviço militar (artigo 14, § 2º da Constituição da República).

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Muito se tem discutido sobre esta obrigatoriedade do voto, havendo projetos para alterar a Constituição, mas, independentemente de dispositivos legais humanos, os cristãos têm o dever moral de participar da vida política, porquanto são luzes do mundo e sal da terra e, sem sua participação, naturalmente que não se terá o bem do mundo onde vivemos.

 É por isso que o sábio diz que o triunfo do justo gera alegria (Pv.28:12).

– É através do exercício do voto que são escolhidos os governantes num país democrático, como é o Brasil, não podendo, pois, os servos de Deus omitirem-se de votar e escolher os governantes, porquanto tal gesto será fazer sempre triunfar pessoas descompromissadas com a Palavra de Deus.

Se os cristãos se omitirem, certamente que os candidatos aos cargos públicos serão sempre pessoas que não farão a mínima questão de apresentarem programas e planos de governo que tenham pontos e premissas concordantes com a doutrina da Palavra de Deus, pois, diante da omissão dos cristãos, tal observância não se fará necessária.

A consequência será, sempre, a subida ao poder de governantes que farão o que não é agradável a Deus e a história de Israel está repleta de exemplos do que acontece com a nação que é governada por este tipo de gente.

O cristão deve fazer o bem, como o seu Senhor (At.10:38), e, neste bem, está o de participar da escolha de pessoas que, ao governarem nossa sociedade, tenham, pelo menos, temor a Palavra de Deus ou a seus preceitos. A democracia é isto, como deixou claro o presidente norte-americano Abraham Lincoln que definiu a democracia como o “governo do povo, pelo povo e para o povo”.

– Neste sentido, particularmente, mormente ante o quadro de descrédito da política que vive nossa nação, em meio a tantos escândalos de corrupção, há um sentimento generalizado para o uso do voto nulo.

Todavia, esclarecemos que o voto nulo não é não só uma prática que não se coaduna com os princípios, como vimos supra, como também se apresenta como uma “tática burra”.

 As eleições para deputado e vereador, no Brasil, são proporcionais, ou seja, não são eleitos os candidatos mais votados, mas são somados os votos dos partidos ou coligações e feita a divisão entre esta soma e o total dos votos válidos.

Portanto, os votos nulos não influem no resultado e quanto mais votos nulos, menos votos serão necessários para se eleger um candidato a deputado.

Assim, ao votar nulo, estaremos beneficiando os corruptos ao invés de dificultar a sua vida. E isto, realmente, o que o povo está querendo? Cremos que não!

– O cristão, enquanto eleitor, deve analisar as propostas e as condutas dos candidatos, de modo a verificar se são pessoas comprometidas com a Palavra de Deus ou que demonstram ter respeito e observância por preceitos bíblicos.

O cristão deve examinar tudo o que se passou na vida do candidato, suas palavras, seus gestos e atitudes ao longo de sua história, bem como verificar se suas promessas têm fundamento e são factíveis, ou se somente são manifestações demagógicas e conversas levianas, que buscam engodar e enganar o eleitor. Devemos examinar tudo e reter o bem (I Ts.5:21).

Se se tratar de um candidato que seja servo de Deus, esta análise deve ser ainda mais cuidadosa, devendo ser destacada a vida espiritual do candidato e o propósito de Deus na sua vida.

– O cristão, enquanto eleitor, deve verificar os candidatos à reeleição e observar o que fizeram pela população, como se comportaram diante das grandes questões e temas que surgiram durante o seu mandato e se suas atitudes e decisões estão de acordo com a Palavra de Deus (Pv.18:17).

É precisamente aqui que se encontra a maior falha de nossa democracia, pois as pessoas costumam dizer que os políticos somente aparecem na hora da eleição, o que é uma triste realidade, mas, também, os eleitores só pensam no assunto na proximidade das eleições, sendo rotineiro encontrar pessoas que nem sequer se lembram em quem votaram na eleição anterior.

O resultado disto é que os políticos, uma vez eleitos, não são acompanhados nem fiscalizados pela população e, assim, estão livres para fazer o que bem entenderem e, quatro anos depois, aparecerem com suas promessas e engodos, que seriam, facilmente, desmascarados se houvesse acompanhamento.

 O cristão deve ser pessoa prudente e que, no silêncio de sua observação, faça um profundo julgamento e exame das atitudes do candidato que elegeu.

– No momento de escolha dos governantes, o cristão deve repelir e rechaçar veementemente aqueles que buscam comprar seu voto, oferecendo vantagens e presentes, inclusive “para a obra do Senhor”. Deus não precisa de barganhas de políticos e a Palavra de Deus é dura contra aqueles que se deixam subornar e vender (Ex.23:8; II Cr.19:7; Jó 15:34; Sl.26:9-12).

Como é triste verificar que muitos crentes e, porque não dizer, ministros, apoiam este ou aquele candidato, em troca de favores e vantagens pessoais ou para “a obra de Deus”.

 Só no fato de ter havido oferta ou pedido de presentes, está havendo compra de votos, que, pela atual legislação brasileira, é apenado com a própria cassação da candidatura ou do mandato conquistado (lei 9.840/1997) e um abominação aos olhos do Senhor. Fujamos disto e jamais votemos nestas pessoas!

– Cabe a cada crente, também, participar ativamente para o resgate da moralidade pública, não aceitando que as afrontas contra o próximo sejam consideradas “normais” ou que as autoridades se mantenham inertes diante da prática do mal.

A participação dos crentes em movimentos sociais, de forma pacífica, ordeira e com bom testemunho, portanto, é mais do que recomendada, cuidando, porém, para não sejamos imprudentes e nos metamos em questões alheias (Pv.26:17).

– Além de fiscalizar as autoridades, os cristãos devem sempre buscar cooperar com elas, de forma a contribuir para que se atinja o bem comum, que se cumpram as promessas realizadas e que haja a melhoria das condições de vida da população.

Neste ponto entendemos que a igreja tem sido extremamente falha, nem sequer cumprindo com o seu dever bíblico de interceder pelas autoridades em suas orações (Ed.6:9; Jr.29:7; I Tm.2:1,2).

É dever de todo cristão e dos ministros, em especial, estar à disposição das autoridades para contribuir nas tarefas de bem-estar e de implementação das políticas e programas que sejam benéficos para o povo, bem como para aconselhamentos e pareceres a respeito de decisões que devem ser tomadas, aconselhamentos e decisões que devem ser feitos sempre à luz da Palavra de Deus.

Como luzes do mundo, devemos impedir que as autoridades fiquem obscurecidas pelo deus deste século (II Co.4:4), como fizeram Paulo e Barnabé em relação ao procônsul Sérgio Paulo (At.13:6-12).

OBS: A omissão do cristão, neste sentido, é censurada biblicamente.

Devemos, como já dito supra, não aceitar afrontas contra o próximo, não consentir com injustiças, como, aliás, de forma memorável, diz o Padre Antonio Vieira, um dos grandes oradores da literatura luso-brasileira, neste trecho do seu Sermão da Epifania, que vale a pena transcrever:”

… E porque algum político, mau gramático e pior cristão, não cuide que a obrigação do pastor é somente apascentar, como parece o que significa a derivação do nome, saiba que só quem apascenta e defende é pastor, e quem não defende, ainda que apascente, não.

Faz Cristo comparação entre o pastor e o mercenário, e diz assim: Bonun pastor animam suam dat pro ovibus suis (Jo. 10, 11 s): O bom pastor defende as suas ovelhas, e dá por elas a vida, se é necessário.

Mercenarius autem, et qui non est pastor: Porém o mercenário, e o que não é pastor, que faz? Videt lupum venientem, et lupus rapit, et dispergit oves (Ibid. 12): Quando vê vir o lobo para o rebanho, foge, e deixa-o roubar e comer as ovelhas. – O meu reparo agora, grande reparo, é dizer Cristo que o mercenário não é pastor: Mercenarius autem, et qui non est pastor.

 – O mercenário, como diz o mesmo nome, é aquele que por seu jornal apascenta as ovelhas. Pois, se o mercenário também apascenta as ovelhas, por que diz Cristo que não é pastor?

Porque ainda que as apascenta não as defende: vê vir o lobo e foge. E é tão essencial do pastor o defender as ovelhas, que se as defende é pastor, se as não defende não é pastor: Non est pastor.

Como Cristo tinha falado em bom pastor, cuidava eu que havia de fazer a comparação entre bom pastor e mau pastor, e dizer que o bom pastor é aquele que defende as ovelhas, e o mau pastor é aquele que as não defende.

Mas o Senhor não fez a comparação entre ser bom ou ser mau, senão entre ser, ou não ser.

 Diz que o que defende as ovelhas é bom pastor, e não diz que o que as não defende é mau pastor: por quê? Porque o que não defende as ovelhas não é pastor bom nem mau.

Um lobo não se pode dizer que é bom homem, nem que é mau homem, porque não é homem. Da mesma maneira, o que não defende as ovelhas não se pode dizer que é bom pastor nem mau pastor, porque não é pastor:

 Non est pastor E sendo assim que a essência do pastor consiste em defender as ovelhas dos lobos, não seria coisa muito para rir, ou muito para chorar, que os lobos pusessem pleito aos pastores por que lhes defendem as ovelhas?

 Lá dizem as fábulas que os lobos se quiseram concertar com os rafeiros, mas que citassem aos pastores, se lhes quisessem armar demanda, porque lhes defendiam o rebanho.

 Isto não o disseram as fábulas: di-lo-ão as nossas histórias. Mas quando disseram isto dos lobos, também dirão dos pastores que muitos deram as vidas pelas ovelhas: uns afogados das ondas, outros comidos dos bárbaros, outros mortos nos sertões, de puro trabalho e desamparo.

Dirão que todos expuseram e sacrificaram as vidas pelos bosques, e pelos desertos entre as serpentes; pelos lagos e pelos rios entre os crocodilos; pelo mar e por toda aquela costa, entre parcéis e baixios os mais arriscados e cegos de todo o Oceano.

Finalmente, dirão que foram perseguidos, que foram presos, que foram desterrados, mas não dirão, nem poderão dizer, que faltassem à obrigação de pastores, e que fugissem dos lobos como mercenários: Mercenarius autemfugit, E esta é a razão e obrigação, por que eu falo aqui, e falo tão claramente.

Gregório Magno, comentando estas mesmas palavras: Mercenarius autem fugit, – diz assim: Fugit, quia injustitiam vidit, et tacuit;fugit, quia se sub silentio abscondít: Sabeis – diz o supremo Pastor da Igreja, – quando foge o que não é verdadeiro pastor?

Foge quando vê injustiças, e, em vez de bradar contra elas, as cala; foge, quando, devendo sair a público em defesa da verdade, se esconde, e esconde a mesma verdade debaixo do, silêncio.

 – Bem creio que alguns dos que me ouvem teriam por mais modéstia e mais decência que estas verdades e estas injustiças se calassem, e eu o faria facilmente como religioso, sem pedir grandes socorros à paciência; mas, que seria, se eu assim o fizesse?

Seria ser mercenário, e não pastor: Fugit, quia mercenarius est; seria ser consentidor das mesmas injustiças que vi, e, estando tão longe, não pude atalhar: Fugit, quia injustitiam vidit, et tacuit; seria ser proditor das mesmas ovelhas que Cristo me e entregou, e de que lhe hei de dar conta, não as defendendo, e escondendo-me onde só as posso defender: Fugit, quia se sub silentio abscondit.…”( http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/BT2803065.html Acesso em 11 jan. 2006).

– É com tristeza que tivemos acesso, no início da década de 1990, a um levantamento feito por um instituto teológico do Rio de Janeiro que constatou, em pesquisa feita a todos os parlamentares evangélicos de todos os níveis daquela época naquele Estado, levantamento que revelou que estes legisladores reclamavam que a maior carência que tinham era de alguém que fosse a seus gabinetes para fazer com eles uma oração, de lhes dar um conselho fundado na Bíblia, pois todos que os procuravam queriam tão somente vantagens para si ou mesmo para suas igrejas locais.

Aliás, este artigo chegou à triste conclusão de que os crentes são os primeiros a lançar seus irmãos que se elegem nas garras da corrupção, pois, para atender a tantos pedidos de vantagens, os políticos cristãos, todos eles honestos no início de seus mandatos, acabam sendo envolvidos pelos corruptores e isto em troca de conduções para transporte de irmãos para festividades em igrejas próximas, de materiais de construção para templos etc. etc. etc….

Como temos agido, como crentes, com relação aos representantes das chamadas “bancadas evangélicas” nos Legislativos do país afora?

– O cristão, como qualquer cidadão, pode, também, ser candidato a cargo eletivo, sendo até desejável que os governantes sejam sinceros e fiéis servos do Senhor, pois, como a história de Israel mostra-nos, sempre que há um governante temente a Deus, há prosperidade para a nação, pois o governante, orientado pelo Espírito de Deus, age com sabedoria, justiça e retidão.

Não tem respaldo bíblico a conduta de certas denominações evangélicas que proíbem a seus membros a atividade político-partidária, até porque, segundo a lei brasileira, impossível que alguém possa ser eleito se não estiver filiado a um partido político (artigo 14, § 3º, inciso V da Constituição da República).

 A Bíblia está repleta de exemplos de homens fiéis que foram usados por Deus exatamente no governo de povos e nações, como é o caso de Davi, de Daniel (o único estadista da história humana a ter servido a três impérios distintos) e do procônsul Sérgio Paulo (At.13:7,12).

– Naturalmente, que o cristão deve observar o programa e a doutrina política do partido a que vai se filiar, a fim de evitar ingressar em partidos que, ideológica e doutrinariamente, defendam pontos contrários à Palavra de Deus, se bem que, em termos de Brasil, os partidos são indefinidos e não passam de siglas que se congregam em torno de interesses pessoais e de certos segmentos da sociedade. De qualquer modo, é incompatível que o cristão esteja filiado a partidos que defendem pontos-de-vista contrários à Palavra de Deus ou que esteja, a cada eleição, filiado a um partido político diferente.

Dentro da realidade político-partidária brasileira, é sempre importante observar a que interesse pessoal ou de grupo estará o cristão se envolvendo ao se filiar a um partido político, o que deve, também, ser objeto de apreciação por parte do eleitor na hora do voto.

Não há comunhão entre a luz e as trevas e não pode o servo de Deus andar segundo o conselho dos ímpios, deter-se no caminho dos pecadores nem se assentar na roda dos escarnecedores (II Co.6:14,15; Sl.1:1).

– Neste sentido, aliás, por causa dos sucessivos escândalos de corrupção em nosso país, devemos evitar votar em partidos que tenham, como candidatos a deputado, pessoas que tenham se envolvido em operações escusas, direta ou indiretamente.

Como as eleições para deputado e vereador são proporcionais, como explicamos supra, ainda que haja candidatos sérios e honestos nestes partidos, nosso voto neles irá beneficiar estes corruptos e, com isto, estaremos consentindo e aprovando o que fizeram, tornando-nos tão dignos de morte como eles (Rm.1:32). Tomemos, pois, muito cuidado!

– Embora todos sejamos cidadãos, entendemos que os ministros e os que cooperam ativamente na casa e na obra do Senhor (oficiais, cooperadores, dirigentes de segmentos da igreja) não podem ser candidatos a qualquer cargo eletivo, a menos que renunciem à função que exerçam.

 Com efeito, a igreja, enquanto instituição humana (igreja local) e divina (igreja, povo de Deus) é incompatível com a atividade político-partidária.

A igreja prega a todos os homens (Mc.16:15), quer ser aceita por todos os homens (I Co.9:19-22), quer que todos os homens cheguem ao conhecimento da verdade (I Tm.2:3,4).

 Ora, nesta sua função totalizante, não pode jamais a igreja se envolver na atividade político-partidária, que é uma atividade de parte, como diz o próprio nome “partido”, que defende o interesse de alguns, que busca prevalecer sobre outros.

 Esta é uma atividade totalmente contrária ao propósito da igreja e a igreja é representada, aos olhos da sociedade, enquanto instituição, por aqueles que a presidem, que trabalham, por chamado de Cristo, para o aperfeiçoamento dos santos.

– Ora, se estas pessoas exercem estas funções por chamado de Cristo, enquanto cidadãos dos céus devem obedecer mais a Deus do que aos homens e, por isso, devem se abster de exercer qualquer atividade político-partidária, precisamente porque não é este o seu dom.

 É interessante notar que, na organização de Israel, Deus deixou bem distintas as atividades dos governantes e dos sacerdotes, jamais permitindo que houvesse confusão neste particular.

Todos os exemplos de pessoas que procuraram, de alguma forma, confundir as duas atividades, tiveram más consequências em suas vidas, como se pode observar nas vidas de Samuel (I Sm.8:1-4), Saul (I Sm.13:8-14) e Uzias (II Cr.26:16-21).

– A Bíblia diz que nós devemos ser mais justos do que os que não são comprometidos com Deus (Mt.5:20).

Assim, se a Constituição brasileira não permite que militares alistáveis em exercício (artigo 14, § 7º) ou magistrados (artigo 95, inciso III) possam exercer atividade político-partidária, diante da natureza de suas funções, que visam à defesa e aplicação da justiça, por entender que tais ações são incompatíveis com tal atividade, por que os servos de Deus hão de permitir que os que defendem as almas da ignorância e da infantilidade espiritual na igreja e os que julgam as ações dos homens à luz da Palavra de Deus possam exercer uma tal atividade?

– A história da igreja, aliás, tem demonstrado que, sempre que a cúpula da igreja se envolve com o poder político, há enorme prejuízo espiritual, sendo exemplos claros disto a Igreja Romana e a Igreja Anglicana, segmentos que se encontram, hoje, mortos espiritualmente e tudo começou com o lugar que suas cúpulas deram à política temporal em seu interior.

É com preocupação que temos visto, nestes últimos tempos, denominações evangélicas serem assediadas por políticos inescrupulosos, bem como algumas até efetuando projetos de dominação de siglas partidárias e mercadejando, discaradamente, apoio político a este ou aquele candidato.

Igualmente, não aprovamos que as reuniões da igreja se tornem comícios nem que os púlpitos se transformem em palanques.

Tais medidas, além de serem moral e biblicamente inaceitáveis, constituem-se em graves violações da legislação eleitoral.

OBS: “…Não se pode, pois, admitir que venham a participar do processo eleitoral desta maneira quaisquer entidades das mencionadas no art.24, como centrais sindicais, sindicatos, igrejas ou associações de benemerência vinculadas a igrejas…

A utilização de tais entidades para fins de publicidade de candidaturas ou de partidos políticos, seja pelo aproveitamento de espaços para fixação de cartazes ou distribuição de propaganda, seja pelo aproveitamento de reuniões para divulgação de ideias e de plataformas, a utilização de sinais, símbolos, logotipos, são indisfarçáveis formas de contribuição para candidatos e partidos, contribuição esta que é vedada e proibida pelo art.24 da Lei nº 9.504/1997…

Deve-se lembrar , em primeiro lugar, que o Estado Democrático de Direito instalado no Brasil é laico, havendo estrita separação entre Igreja e Estado, como nos dá conta o art.5º, VI, da Constituição da República…

Claro que está que as igrejas e os cultos religiosos não podem, de forma alguma, enquanto tais, participarem do processo eleitoral, pois isto representa a existência de uma relação de dependência, ou, quando menos, de aliança entre eles e/ou seus representantes com determinado partido ou candidato, o que é expressamente proibido pelo art.19 da Constituição da República….(FRANCISCO, Caramuru Afonso. Dos abusos nas eleições, p. 44-7).

– A igreja deve atuar politicamente na sociedade, mas uma política totalizante, que busque defender a justiça e a retidão, segundo os preceitos do Evangelho, em todas as ações, programas e ideias que surgirem, a fim de que, seguindo a Palavra de Deus, possa a sociedade melhorar e ter condições de vida cada vez melhores, pois só a bênção de Deus enriquece e não acrescenta dores (Pv.10:22).

A igreja deve defender, com vigor, a observância da Palavra de Deus e denunciar toda e qualquer medida que contrarie a vontade de Deus.

Ser uma voz que clama no deserto e que procure aplainar o caminho do Senhor no meio de uma geração perversa e iluminar os governantes para que cheguem ao conhecimento da verdade (Is.40:1-5; At.2:40; 13:8-11).

Com respeito e obediência, a Igreja deve, sempre, mostrar aos governantes onde está a verdade e o que Deus deles requer.

É esta a atuação política que deve ter a Igreja, um outro prisma de sua pregação evangélica, que nada tem a ver com partidos políticos ou com interesses pessoais ou de segmentos da sociedade.

– O Brasil é um país que ainda carece de aprimoramento político, pois ainda não há uma consciência por parte dos brasileiros do que é ser cidadão, do que é ser um verdadeiro ser político.

Os desmandos e a corrupção generalizada, que fazem com que se tenha não a política mas a politicalha, para se utilizar de expressão cunhada pelo grande Ruy Barboza (um dos homens mais inteligentes do país e que as elites jamais deixaram que fosse Presidente da República), acabam afastando os servos de Deus sinceros e verdadeiros da atividade político-partidária, o que gera, tão somente, o predomínio ainda maior dos ímpios para desgraça maior do país.

Ao mesmo tempo, alguns bem intencionados e cientes da necessidade de haver uma participação de servos de Deus na condução dos destinos do Brasil, acabam por envolver as igrejas locais nos embates político-partidários, o que tem servido apenas para aumentar os escândalos e trazer o descrédito da politicalha para a pregação do Evangelho.

OBS: Elucidativa a afirmação do cientista político Roberto Mangabeira Unger, que é brasileiro mas é professor na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, considerada uma das mais importantes universidades do mundo:

“…Que maneira de ligar religião e política convém a um povo de crentes que vive tais transformações?[o povo brasileiro, observação nossa] Comprometam-nos com uma república laica. Evitemos partidos políticos confessionais, instrumentos de igrejas.

Ampliemos o espaço republicano no qual cidadãos de convicções divergentes possam conviver e cooperar. Não confundamos, porém, república laica com privatização da religião.

 Nossa construção nacional exige confronto vigoroso de concepções do mundo — em política e em religião, em discurso secular e em discurso profético.(…).

Construindo uma república que não exija de seus cidadãos calar em público sobre as coisas mais imortantes, daremos liberdade a nós mesmos e exemplo para a humanidade.” (Religião e política. Folha de São Paulo, 20 dez. 2005. http://www.folha.uol.com.br/fsp/opinião/fz2012200507.htm Acesso em 19 dez. 2005).

– Devemos, pois, de forma vigorosa, trazer esta consciência da dupla cidadania a cada cristão que, então, além de ser um eleitor consciente, fiscalizador e sábio, poderá até ser, se não estiver envolvido com a liderança da igreja, um candidato e um governante exemplares, mas sobretudo, teremos igrejas que contribuirão com os governantes para que haja paz, quietude e sossego no meio de nova brava gente brasileira.

Que, com nossas atitudes de cidadãos dos céus e da terra conscientes, possamos dizer, em alto e bom som, sem sermos repreendidos : ” Meu Brasil, Meu Brasil, abre o largo seio e deixa a luz raiar. Meu Brasil, Meu Brasil, o Evangelho de Jesus te quer salvar ! “

Texto tirado da LIÇÃO 10  – DEVERES CIVIS, E MORAIS E ESPIRITUAIS, de autoria do Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco.

Para a leitura Completa do texto clik no link abaixo:

LIÇÃO Nº 10 – DEVERES CIVIS, MORAIS E ESPIRITUAIS

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